Olhos D'água
Olhos n'água
Na água
Olhos nos olhos
Olhos olhando
Enxergando
Vendo
O horizonte
Além do horizonte
Nas lentes de Nara
Nas retinas cansadas
Sob o Sol que arde
queima, aquece
Na caminhada, no caminho
Indo e vindo
A cachoeira, água corrente
Latente
Água que lava
Transborda
E a alma volta renovada
Tudo isso
Foi Olhos D'água
Shirlene Álvares, às 14h10min em Goiânia
Histórias para serem lidas, contadas e imaginadas... Sou escritora de mim mesma, mãe de 3 lindos filhos sem ser galinha choca. Acredito na educação, porque em cada história contada ou cantada, renovo-me de fé, já que a palavra escrita encanta, emociona, diverte e faz da alma da gente um mundo mais vibrante e cheio de inventividades. O mundo real vira coincidência do mundo fantástico... em que magia vira realidade! Shi...
quarta-feira, 7 de março de 2018
quarta-feira, 17 de janeiro de 2018
Lembrei-me
Quando cheguei aqui era fim de tarde, calcificava-se o Sol no crepúsculo
A porteira já estava aberta
O pequizeiro desfalido pelo encerrar de temporadas
Olhei e vi, a serra despontou em minhas retinas
Aí lembrei
Lembrei essas lembranças que ferem e curam
Que são marcas e cicatrizes da memória
Lembrei do pai, e do pai do meu pai e dos avós deles que não conheci mas o tenho em muitas histórias
Lembrei do rio cheio na época das chuvas
Do barro que impregnava nos sapatos
Da porteira rangindo
Do gado no curral
Lembrei da minha vó
Da rosca saindo do forno a lenha
Do bife na frigideira de ferro
Um cheiro de entorpecer o estômago de quem tem fome
Lembrei da bomba de água queimada e transtornando a vida com o balde, a carretilha e o poço
Lembrei de sapos, brejo e das pedras e mato
Da represa, do arame farpado
Lembrei do meu irmão afogado nas águas de março
Lembrei dos cavalos, da fartura, da gravata, da moeda, da mochinha e da rainha, eram nossas vacas... leiteiras e de litros de leite, no balde
Lembrei de infância, de velhice
De sandálias arrastadas no chão
Do meu pai na rede contando causos
Reais e verdadeiros, como de verdade eram suas risadas das histórias que contava
Lembrei das fogueiras, das noites de lua cheia, da batata assando e dos morcegos voando
Meninos nos galhos das árvores, teimando e gritando
As lembranças foram se vertendo em lágrimas...
E continuei a lembrar
Das caminhadas no mato, no pé da serra
Do bombardino e as marchas de carnaval em folias e das novenas
Lembrei que não sou mais criança, que meus filhos também não
Que lembrar é pra quem viveu as histórias
Somos o nosso filme, todos os capítulos da melhor novela, só não estamos preparados pro epílogo
E o melhor de tudo é ser o protagonista de todas nossas memórias
Então, me dou conta de lembrar que agora é o futuro de ontem e que amanhã será o presente de hoje... E eu vou sempre chegar aqui e ter um ontem pra lembrar, vários ontens de histórias...
Álvares e Serra de Jaraguá se misturam
Poesia, Cora, Caminho, Trilha serão lembranças de agora...
Lembrei de chegar aqui... vir de meu pai e ficar em meus filhos
SAS, aos 17 dias do mês de janeiro de 2018 às 21h38min
A porteira já estava aberta
O pequizeiro desfalido pelo encerrar de temporadas
Olhei e vi, a serra despontou em minhas retinas
Aí lembrei
Lembrei essas lembranças que ferem e curam
Que são marcas e cicatrizes da memória
Lembrei do pai, e do pai do meu pai e dos avós deles que não conheci mas o tenho em muitas histórias
Lembrei do rio cheio na época das chuvas
Do barro que impregnava nos sapatos
Da porteira rangindo
Do gado no curral
Lembrei da minha vó
Da rosca saindo do forno a lenha
Do bife na frigideira de ferro
Um cheiro de entorpecer o estômago de quem tem fome
Lembrei da bomba de água queimada e transtornando a vida com o balde, a carretilha e o poço
Lembrei de sapos, brejo e das pedras e mato
Da represa, do arame farpado
Lembrei do meu irmão afogado nas águas de março
Lembrei dos cavalos, da fartura, da gravata, da moeda, da mochinha e da rainha, eram nossas vacas... leiteiras e de litros de leite, no balde
Lembrei de infância, de velhice
De sandálias arrastadas no chão
Do meu pai na rede contando causos
Reais e verdadeiros, como de verdade eram suas risadas das histórias que contava
Lembrei das fogueiras, das noites de lua cheia, da batata assando e dos morcegos voando
Meninos nos galhos das árvores, teimando e gritando
As lembranças foram se vertendo em lágrimas...
E continuei a lembrar
Das caminhadas no mato, no pé da serra
Do bombardino e as marchas de carnaval em folias e das novenas
Lembrei que não sou mais criança, que meus filhos também não
Que lembrar é pra quem viveu as histórias
Somos o nosso filme, todos os capítulos da melhor novela, só não estamos preparados pro epílogo
E o melhor de tudo é ser o protagonista de todas nossas memórias
Então, me dou conta de lembrar que agora é o futuro de ontem e que amanhã será o presente de hoje... E eu vou sempre chegar aqui e ter um ontem pra lembrar, vários ontens de histórias...
Álvares e Serra de Jaraguá se misturam
Poesia, Cora, Caminho, Trilha serão lembranças de agora...
Lembrei de chegar aqui... vir de meu pai e ficar em meus filhos
SAS, aos 17 dias do mês de janeiro de 2018 às 21h38min
quinta-feira, 1 de junho de 2017
sexta-feira, 3 de março de 2017
Era realmente o céu...
Shirlene Álvares
Beto
era um menino esperto, mas muito desconfiado. Desconfiava de tudo, inclusive
das verdades que as pessoas diziam, mas ele não duvidava de coisas simples,
questionava sempre sobre assuntos profundos. Chegou a ganhar várias feiras de
ciências na escola, porque sua curiosidade o fazia procurar, descobrir,
experimentar.
As
coisas mais banais, ditas pelos mais velhos deixava Beto curioso, queria sempre
saber o porquê delas.
Um
dia, ele começou a questionar o pai, a mãe de onde veio o ser humano. Beto
ainda era novo, mas seus pais falavam sempre de Deus, da origem da vida.
Esclareciam para Beto como Adão e Eva surgiram na Terra. Mas, Beto não
acreditava em nada disso. Não acreditava no Paraíso, nem no céu.
Como
quem duvida, ele duvidava mesmo, sempre dizia coisas do tipo:
-
Tá! A mulher nasceu da costela de Adão? O céu é um paraíso. E como é esse
paraíso? O inferno tem cheiro de enxofre? E tem fogo por todos os lados? Sei...
E
ria de tudo! E como ele implicava com quem acreditasse nisso tudo. Beto gostava
de provas. Pra tudo que lhe diziam, ele retrucava – quero provas!
Para
Beto, acreditar na vida precisava ver a vida nascer, como no parto de seu irmão
menor. Na escola, os professores já nem davam contar de responder as perguntas
que fazia. E ele era um excelente aluno!
Quando
sua mãe lhe disse que o maior segredo da vida era a morte, que só depois que
morresse saberia a verdade sobre a vida, ele ria, um riso debochado, porque
para ele, depois da morte, não haveria mais vida.
Não
demorou muito, Beto estava com dez anos, quando por causa de uma queda de
bicicleta e a cabeça no meio-fio, acabou morrendo.
O
pior, ou melhor, é que foi parar no paraíso, mas quando chegou ao paraíso,
encontrou logo na entrada um grande portão de madeira, mas parecia uma porteira
de fazenda antiga, mas bem antiga mesmo! No portão da entrada não estava São
Pedro, havia um São Bernardo. Sim! Um cachorrão, bem grande!
Beto
viu que o lugar era maravilhoso! Havia somente bichos, animais de todas as espécies.
Quando se aproximou, o cachorrão rosnou, aliás, falou, (nesta história, animais
falam, ok!). Era um interrogatório, tinha uma ficha a ser preenchida. Beto
respondeu todas as perguntas, mas indagou:
-
Onde estou?
O
cão respondeu:
-
Acabou de chegar ao paraíso.
Beto
riu e protestou – não sabia que no céu tinha animais.
O
cachorro, desta vez, foi manso e cauteloso ao dizer-lhe:
-
Deus, des-a-cre-di-tou dos homens, por causa da maldade e da falta de fé e,
então, aqui, quando os homens chegam, são logo transformados em animais, porque
eles não duvidam e nem questionam a existência de Deus.
Beto
ficou ressabiado. E o São Bernardo, que não era mesmo São Pedro mandou-lhe
entrar logo, senão o diabo viria para buscá-lo. Beto, que não acreditava em
nada disso e duvidava de muita coisa, naquela hora, não duvidou de nada e
entrou rapidinho no céu, porque por via das dúvidas e, ele tinha muitas, sabia
que era melhor o céu do que o inferno.
Quando
já tinha caminhado por entre todo aquele verde, cachoeiras, pastagens, campos
floridos, riachos, montanhas, etc, percebeu que realmente só havia bichos
naquele lugar. Não gostou de ver de longe uma terrível serpente e mais ao longe
um leão imenso. Ficou com medo, mas logo se aproximou dele um papagaio:
-
Curupacopapaco! Você é o novo morador do paraíso?
Beto
fez que sim com a cabeça.
-
Já te contaram que quando os homens chegam aqui, logo viram animais?
-
Então é verdade? – Beto fez a indagação e começou a rir. Ainda não estava
acreditando naquilo tudo.
O
papagaio acompanhou sua risada e começou a apresentar os animais mais graduados
do céu.
-
Tá vendo aquele curió todo emplumado cantarolando?
Beto
fez que sim com a cabeça.
-
É o Pavarotti. Chegou aqui faz pouco tempo, canta o tempo todo. Tem horas não
agüentamos tanta cantoria.
-
E aquela lebre astuta, correndo o tempo todo, sabe quem é? – dessa vez Beto nem
balançou a cabeça. – Era o Ayrton Senna. Aqui ele nunca pára de correr, vive
ganhando todas as corridas, nem os leopardos ganham dele.
Beto
fez que ia apontando para um gato peludo, todo branco, quando o papagaio logo
foi revelando – aquele é o Gandhi, Mahatma Gandhi. – e continuou – Ele veio
parar aqui, porque luta pela não-violência é tão bonzinho!
Beto
estava sem palavras! Não estava acreditando em nada, mas e se fosse verdade? Uma
coisa era certa! Tinha uma multidão de gatos e outros animais seguindo o
gato-Gandhi.
A
cada passo na caminhada de Beto ao conhecer o paraíso, mais surpresas e
descobertas. O papagaio não era o Zé Carioca, das histórias em quadrinhos, mas
dizia-se brasileiro, quando era homem vivente na terra. Beto quis saber quem
ele era, mas o papagaio só repetia: você saberá, você saberá!
Quando
estavam se aproximando de um imenso mar, de cima de um elevado morro, Beto avistou
vários golfinhos, tinha um que mergulhava à frente, liderava o grupo. E, antes
que Beto perguntasse quem era, o papagaio foi logo dizendo:
-
Lembra daquele político brasileiro que morreu no mar, um acidente de
helicóptero? – fez-se um silêncio, para que Beto tentasse se lembrar – É ele, o
Ulisses Guimarães. Agora, vive numa paz! Aqui as águas não representam perigo
algum para sua vida.
E,
foi assim, a cada passo dado, descobertas de pessoas importantes, que agora
eram animais irracionais. E, tinha mais... quando Beto viu uma enorme onça
pintada, apavorou-se, mas o papagaio revelou-lhe:
-
Curupacopapaco! Não tema, você ainda não percebeu que os animais daqui têm uma
grande diferença dos animais da terra? Aqui, não há predadores, os animais são
todos herbívoros.
Como
o garoto poderia imaginar animais ferozes que só se alimentam de vegetais?
Fauna e Flora se completando!
Mas,
Beto começou a ficar curioso, o que terá sido feito do tio Ronald, que falecera
há um ano atrás? E descobriu que seu tio, que adorava futebol, agora era um
cavalo selvagem, vivia em bandos, pelas campinas...
A
surpresa maior, para Beto, foi quando viu um lobo – sabia que não era o lobo
mau que pega crianças pra fazer mingau – devia ter sido um lobo muito esperto,
mas também muito importante tamanha sua imponência. E nem precisou tentar
adivinhar, porque via que o lobo tinha pele de cordeiro e que estava ajudando,
convivendo muito bem com os porquinhos. E sabem que era ele? Martin Luther
King. Éééé! Nesta história, líderes do bem continuavam liderando para o bem.
Tinha
muitas outras personalidades e Beto se surpreendeu foi quando num recanto
florido de pastagens verdejantes, viu lindos pássaros, de todas as espécies,
raros ou não, mas que olhavam para a águia que voava mais alto. E o papagaio
não resistiu. Essa é Maria, a mãe de Jesus. Aqui, ela é a mãe de todos. Quando
algum animal fica triste é ela que do alto, de sua sabedoria, alegra e devolve
a harmonia para cada animal, foi dela a idéia de que Deus não mais
classificasse os animais em seu reino. E, foi então que Deus acabou com as diferenças.
Mesmo os que antes eram carnívoros, roedores e até mesmo insetos, todos se
alimentam de plantas. E todos se alimentam o suficiente para manter-se
saudável.
Beto
queria saber mais, fez muitas perguntas, mas queria descobrir quem tinha sido o
papagaio, antes de se tornar um bicho. E o papagaio sobrevoo a cabeça de Beto
repetindo e repetindo “ó Terezinha, ó Terezinha...” e não precisou dizer mais
nada. Beto sabia que era o tal Chacrinha.
De
repente, Beto começou a se transformar em um belo macaco, gênero que o
aproximaria da espécie humana, já que era muito incrédulo, rolou de um lado
para o outro, por causa da metamorfose e caiu da cama.
-
Mãe, mãe! – Beto correu para a cozinha e viu que havia tido um sonho.
O
sonho fez Beto começar a acreditar naquilo que não vê, mas pode sentir, a ter
fé no sobrenatural, porque afinal, se o sonho o fez imaginar algo tão irreal,
era porque a realidade não é tão racional assim, existem razões e emoções, que nem
sempre você deve acreditar só no que pode provar e ver, mas deve também
acreditar no que o coração sente e não pode pegar.
Depois
desse sonho, muitas outras coisas mudaram na vida de Beto, inclusive, nunca
mais acreditou que o homem era descendente de macaco...
sábado, 31 de dezembro de 2016
Amor Eletrônico
SILVA, Shirlene Álvares da
Ele era um cara musculoso de 22 anos, com cabelos castanhos; ela era
loira deslumbrante em corpete tomara-que-caia branco e calça jeans. O paulista
Michel e a goiana Daila se conheceram quando assistiam à queima de fogos de
artifício e tomavam água de coco no réveillon de 2010 no Rio de Janeiro. Não
foi exatamente amor à primeira vista, mas, depois de reclamarem juntos dos
altos impostos que tinham que pagar, a química ficou evidente, ela se mudou
para a casa dele em Sampa, e em meados de novembro se casaram.
Parece conto de fadas? Mas, realmente, aconteceu – quer dizer, aconteceu
no Second Life, mundo virtual criado pelos usuários da Internet.
Michel e Daila são nicks, e o par tem pelo menos 10 anos a mais do que tem no
jogo, onde os participantes aparecem com versões em desenho animado deles
mesmos – chamado avatars – e se comunicam por meio de mensagens.
Daila e Michel acreditavam mesmo que o amor deles fosse verdadeiro. Do
jogo, envolveram-se também através do MSN em mensagens diárias e duradouras. É
que Jorge, nome verdadeiro de Michel, trabalhava em uma empresa em São Paulo,
que cuidava de toda a produção de softwares de uma rede de supermercados,
então, ficava horas em frente ao computador. E Lana, nome real de Daila,
trabalhava em uma produtora de propagandas em Goiânia.
Eles começaram a viver um romance cibernético, os sentimentos de um pelo
outro era intenso e eles se sentiam apaixonados. Teclavam todos os dias, quando
acordavam, ao meio dia e no fim da tarde. Ao anoitecer, ela sempre deixava
recadinhos de amor off line: “Eu te amo!”, “Estou apaixonada!”, “I love
you!, “Sou louca por você!”, isto
porque neste horário ele alegava que estaria na faculdade fazendo pesquisas
com novos programas na área de informática.
As conversas entre os dois se intensificaram e cada um contava ao outro
sobre tudo: trabalho, rotina diária, pensamentos e sonhos. Começaram a planejar
como seriam seus encontros além do mundo virtual, já que ela morava em Goiânia
e ele em São Paulo. A distância até os separavam de corpos, mas os
pensamentos...
Nunca usaram webcam, utilizavam o skype e o MSN para conversar pelo
microfone e Lana estava encantada pela voz de Jorge e vice-versa. Ela imaginava-o
como na foto do perfil, um tipo entre Luciano Szafir e Thiago Lacerda.
Após três meses de relacionamento diário, Jorge deu uma notícia de
presente a Lana:
- Olha, meu amor, tem um Congresso em Brasília de Produção de Softwares
e será daqui 15 dias, como você está aí perto, vamos nos encontrar por lá!?
- Sério, meu bem? Ah, eu irei sim! Esta é nossa chance de nos
conhecermos pessoalmente!
- É vamos sair do mundo virtual...
O encontro aconteceria em 15 dias e Lana começou a premeditar como seria
o momento, pois em seu perfil havia colocado a foto de uma modelo, linda e
esguia. E, na verdade, ela era gordinha, não era acadêmica do curso de
publicidade como falara para o amado, trabalhava com vendas. Tinha cabelos
ondulados e castanhos, bem diferente da loira fictícia.
A ansiedade tomou conta de seus dias. Sempre que falava com Jorge,
mantinha-se muda e distante, o medo do encontro real a atormentava. Eis que
teve uma ideia, pedir à prima Ângela que morava em Brasíla e era loira, como
havia descrito em seu perfil, para que fosse em seu lugar ao encontro:
- Mas, Ângela é só um encontro. Você vai em meu lugar e depois continuo
teclando com ele pelo msn.
- Lana, você é doida e como vou conversar com ele, se nem sei do que
vocês conversavam.
Como Ângela era segura e, além de tudo aventureira, acabou aceitando, já
que o cara era um gato, valia o esforço!
Lana disse que enviaria os arquivos de toda conversa, durante aqueles
três meses, por e-mail, para que a prima lesse e pudesse situar-se sobre o
relacionamento. Disse isso e se retraiu:
- Não. Vou fazer melhor: vou uns dias antes para sua casa e conto sobre
tudo que conversamos, combinado?
- Combinado.
Lana achou melhor fazer assim, pois veio à mente as conversas íntimas
dos dois. Como deixaria a prima ter conhecimento de tudo? De todas as
declarações como as que Jorge fizera, seria exposição demais!
Em Brasília, combinaram tudo, inclusive a explicação que daria a Jorge o
fato de não ser a mesma pessoa da foto. Achava que ele a perdoaria, pois a
prima era um avião! Enquanto Lana tinha seus 31 anos, Ângela se adequava a
idade de 22 anos, descrita por ela em seu perfil. Feito isto, a prima
compareceria em seu lugar e tudo resolvido.
Jorge chegou à capital federal numa sexta, por volta das 22h. Ao
instalar-se no hotel, teclou horas com Lana. Ele também estava excitado com o
encontro. Lana postou a foto da prima no lugar da anterior e contou a verdade
(entre aspas)!
- Tudo bem, minha linda! Tá perdoada! Eu também tenho algo a te dizer,
mas prefiro pessoalmente.
Naquela noite nenhum dos três dormiram, pois até a Ângela estava
ansiosa, parecia que ia fazer parte da cena de uma novela.
A hora do encontro chegou, era meio dia. O local escolhido: o
restaurante do hotel em que ele estava hospedado. O combinado: ambos estariam
de jeans e camiseta branca (tipo Hering).
Como contar o que aconteceu? Lana sentou-se numa mesa escondida ao fundo
e viu o seu amor virtual entrar e sentar-se. Suspirou com a imagem projetada à
sua frente, ele era realmente ele! O mesmo da foto... corpo, cabelo, sorriso!
Quando a prima entrou, Lana não acreditou, pois se sentia na pele e n’alma de
Ângela.
Então, viu no rosto de Jorge um sorriso de quem vislumbrava com o que
via. Jorge e Ângela se entreolharam, abraçaram-se e se entregaram em um beijo
ardente. Naquele instante, a moça desmoronou em pranto, cálido e de
arrependimento pela situação que criara. Queria estar sendo beijada no lugar da
prima. Jorge aparentava seus 30 anos era tudo que projetara em suas conversas,
mas era mais que isso, era afetuoso, o que ela percebeu na forma como tratava Ângela.
Lana não teve forças para manter-se no local, quando saiu, Ângela viu-a
partir, mas, ficou ali enebriada pela companhia de Jorge. Aquilo sim! Foi amor
à primeira vista.
Jorge fez questão de dizer logo o que o afligia, segurando as mãos de
Ângela contou-lhe a verdade:
- Meu amor, o que tenho que revelar a você é muito chato, porque eu
omiti de você que sou casado, eu tenho um casal de filhos. Mas, quero que saiba
que estou apaixonado, vou separar de minha esposa pra ficarmos juntos.
Ele ia falando e Ângela mudou todo seu semblante pensando na prima e
nela mesma, que já estava apaixonada.
- Por que mentiu pra mim? E agora? Como vou ficar sem você?
- Mas vou me separar e te levar pra Sampa. Lá arrumarei um emprego pra
você e ficaremos juntos!
Houve um silêncio! O garçom trouxe a conta e subiram pro quarto dele.
Passaram a tarde juntos!
Ângela aproveitou! Estava fascinada! sentiu um misto de culpa e também
de felicidade, porque sentiu o calor da paixão invadir todo seu corpo, não
sabia como explicaria tudo à prima, mas queria viver a tórrida paixão com
Jorge. Afinal, quem está na chuva é pra se molhar e quem mandou a prima
envolvê-la naquela história?
Ela não revelou a verdade a Jorge, deixou que Lana o fizesse na
esperança de que reencontraria o amado com o aval da prima.
Dois dias depois, após tomar conhecimento dos fatos, Lana criou coragem,
ficou on line para Jorge no MSN e contou-lhe toda verdade.
Mostrou fotos reais dela, da prima e até deu seu endereço do Orkut para que ele
conhecesse todo seu perfil real. Jorge ficou frustrado e deletou-a. Não
conseguiu ter contato com Ângela, que ficou em sua memória.
E o que restou a Lana foi escrever em seu status no Second Life:
Relacionamento: sem namorado!
21/04/2011
Na fazenda, em Jaraguá
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