terça-feira, 19 de outubro de 2010

Por que Eva comeu a maçã?

SILVA, Shirlene Álvares

No Paraíso, Eva estava descansando ao pé de uma árvore. Eva guardava sua nudez peculiar com folhas de parreira. Estava meio ressabiada pelas brigas intermináveis que tinha com Adão. Como poderia ter paz, se no paraíso havia somente ela e Adão e os dois já não se entendiam mais? Neste momento de reflexão, Eva viu se aproximar a serpente maldita... A serpente fitou-a por minutos e logo puxou conversa:
- Eva, tá vendo aquela fruta ali no alto da macieira?
Eva fez que sim com a cabeça.
E a serpente continuou:
- Coma a maçã e você sairá deste marasmo que é o paraíso, terá uma vida agitada, cheia de regalias, belos vestidos, festas chiques, jóias e badalação.
Eva pensou e lembrara das palavras advindas do céu, de que aquele era um fruto proibido e respondeu:
- Não posso.
A serpente, então, fez outra investida:
- Eva, coma a fruta que você ficará poderosa, exercitará seu domínio sobre a vontade dos homens, todos que se aproximarem de você, ajoelhará a seus pés.
Novamente, Eva se pôs a pensar nas recomendações de quando fora criada para ser submissa ao homem:
- Não, não posso.
A cobra já estava indignada e fez novas promessas:
- Eva, se você comer do fruto, viajará pelos lugares mais lindos e sofisticados. Terás riqueza. Conhecerás o mundo.
 Eva suspirou imaginando tudo que poderia ter se comesse o fruto proibido... mas, relutou: 
- Não, não posso. 
A serpente, já estarrecida pela resistência de Eva, propôs um infinitude de benefícios:
- Eva, se comeres do fruto, terás grandes tesouros: prata, ouro, diamantes, pérolas, enfim, preciosidades nunca dantes vistas!
E, mais uma vez, Eva se conteve:
- Não, não posso e não devo. O fruto é proibido.
Então, a cobra enrolou-se no tronco da árvore, abocanhou a maçã mais vermelha e brilhante do pé e sorrateiramente disse:
- Eva se comeres deste fruto, você emagrecerá, deixando para trás celulites, estrias e gorduras indesejáveis, seu corpo terá o formato de um violão, nunca precisarás fazer plástica, nem lipo e, muito menos usar silicone. 
Desta vez, Eva não resistiu e deu uma mordida salivante na maçã.

  História dedicada à aluna Olga Barros Teixeira (68) da turma do SESI Ferreira Pacheco, onde ela nasceu, da dinâmica de criar histórias através das imagens. Projeto Histórias Contadas – Oficina “Quem conta um conto, aumenta dois pontos...”

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Pai

Por Shirlene Álvares

Pai, já são 153 dias... Como falar da sua falta? Eu tentaria atravessar o universo, a luz solar, a alma humana pra ter um minuto e olhar nos teus olhos, pra falar de um amor verdadeiro  que nem as pérolas de todo globo terrestre, e nenhuma pedra preciosa seria capaz de comprar...
Há uma inquietude dentro da gente quando alguém que veneramos parte... e, nunca se despede... diz adeus. O peito sangra, há uma saudade que nunca vai se dirimir...
Pai, como entender toda a vida, sem você pra explicar, fazer rir, acreditar?
Você era meu mestre... ensinou-me a amar... a ser otimista sempre...
Lembro-me das garças mato-grossenses daquele postal, aos 15 anos de idade...
Do sorriso que fazia rir aos outros.
Pai, desconheço outra forma de dizer da dor que sinto...
Das vezes que falta o oxigênio e as histórias que nos contava.
Seu sofrimento nunca terá sido em vão...
Hoje, todas as lembranças contidas na história das histórias da minha vida tem a sua marca... de um pai que foi carinhoso, presente e protetor.
Tudo que eu fizer na vida terá um principio básico: a fé no homem, que aprendi respirando as suas histórias sobre como meu avô era sábio...
Pai, ninguém mais deita na rede, pra dormir até a madrugada afora, ninguém mais bebe leite com farinha, e nem eu como mais os bijus da sua farinha...
Você faz falta demais!

Gyn, 13 de outubro de 2010.

sábado, 9 de outubro de 2010

Nós

No silêncio... o mesmo pensamento, No encontro... beijos, No abraço... arrepios, Na distância... desejo, Uma cumplicidade sem medida! 10 de outubro de 2010...